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METRÔ GRAVA DISCO APÓS 17 ANOS DE SEPARAÇÃO

O Liberal

08/12/2002

Quem viveu a juventude na década de oitenta deve lembrar perfeitamente das rádios tocando repetidamente a música “Beat Acelerado”. Nos shows da banda Metrô, extinta há 17 anos, o público lotava os espaços e cantava em coro, puxado pela voz de Virginie: “Minha mãe me falou que eu preciso casar/Pois eu já estou mocinha...”. Agora o público poderá matar as saudades ouvindo o CD “Déja Vu”, que foi gravado por Virginie, Dany Roland e Yann Lao, que sentiram vontade de se reecontrar e fazer música por puro prazer.

E foi justamente a falta de prazer, a ditadura do mercado que provocou o fim do Metrô. Dany Roland, em entrevista por telefone, conta que os integrantes estavam perdendo o prazer em fazer o que para eles era mais importante. “Fazíamos muitos shows. Em Belém fizemos o maior de todos reunindo um público de 60 mil pessoas”, relembra-se Dany, que junto com os outros integrantes ficou muito cansado da rotina que lhes obrigava a conhecer os principais hotéis e aeroportos do Brasil. Vida pessoal e privacidade, nem pensar.

Quando o grupo se desfez, Dany se dedicou a outras atividades, inclusive dirigir um documentário no Marajó. Virginie trabalhou com Arrigo Barnabé, depois casou e foi morar na África. Yann Lao tocou com Rita Lee e foi morar na Europa.

Há mais de um ano eles estavam pensando em trabalhar juntos novamente. “Estávamos nos devendo isto e nunca perdemos o contato, sempre trocávamos idéias. Agora temos maturidade e nem acreditamos que o CD saiu, não sabemos o que vamos fazer, não temos expectativas. O que nós queríamos era ter prazer”. Ao mesmo tempo em que não têm expectativa, já está sendo programada uma turnê, a partir de março, quando Virginie chegar ao Brasil. “Não temos produtor, nem empresário”, garante Dany.

O Metrô (sem Alec e Zaviê) fez as gravações caseiras, sempre pensando nas músicas que marcaram a vida dos integrantes. “Pra dizer o que queríamos dizer e saber como dizer, precisávamos ir buscar na nossa história, nas nossas origens. Mas sem nostalgia. Nem dos 60, nem dos 70 e muito menos dos 80”. Cerca de 20 músicas foram gravadas em um mês.

Em “Déja Vu”, Virginie, como não poderia ser diferente, é a vocalista. Dany Roland (loops, tronic beatf, ambientes, bateria, percussão, guitarra, violão, acordeon e voz) e Yann Lao (sintetizadores, tronic beat, piano, violão, guitarra, sanforing, percussão e voz) cuidaram dos arranjos.

O repertório do novo CD tem “Mensagem de Amor” (Herbert Vianna), “Achei Bonito” (popular/Virginie/Dany/Yann/Zaviê), “Que Nega é Essa” (Jorge Ben), “Aquarela do Brasil” (Ary Barroso) e outras que pareceram fundamentais para este trabalho. É claro que o hit “Beat Acelerado” não ficou de fora. “Estamos muito surpresos com a receptividade do público porque estivemos afastados. Um sobrinho meu, de 17 anos, nem sabia que eu era Metrô”.

O novo trabalho tem musicalidade que mescla instrumentos acústicos com sons eletrônicos. “Sempre gostamos muito do som eletrônico. Agora temos mais maturidade para usar estes recursos juntos com os instrumentos acústicos”. O trabalho, segundo Dany, poderá ser lançado pelo Grupo Trama no mercado internacional.

(Caderno Cartaz)

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