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A NOVA ESTAÇÃO DO METRÔ

Jornal O Dia

19/12/2002

Banda dos anos 80 volta com um disco suave, de sotaque eletrônico, que não soa ‘revival’

Ano que vem o Metrô faz as malas: Dany (à esq.), Virginie e Yann fazem turnê por África e Europa. Eles ainda planejam gravar com músicos estrangeiros

Ouvir dizer que saiu disco novo do Metrô é de fazer tremer qualquer um que já não veja com bons olhos a seqüência interminável de retornos das bandas dos anos 80. Incentivadas por um revival que já dura três anos, bandas da década retrasada correm de volta aos palcos e estúdios para garantir um lugarzinho nos shows que se abrem e uns caramingüás a mais nos bolsos.

Mas eis que – surpresa –, o Metrô dá uma rasteira na ordem estabelecida. Ainda que o novo álbum chame-se Déjà-Vu, ele passa longe de qualquer coisa que a banda tenha feito nos anos 80 – aliás, do que qualquer outra banda contemporânea, exceção feita, talvez, ao experimentalismo do Fellini.

O novo álbum dá a impressão de que o grupo não parou e que, durante os 17 anos que o separam do lançamento anterior, o Metrô ficou a moldar seu som e assimilar novas idéias e propostas sonoras. “É bastante tempo. Aprendemos muito com a vida e com a música. Não tinha como ser diferente, isso tudo se reflete no trabalho”, conta Dany Roland, que toca violão, guitarra, bateria, acordeom e ainda faz um monte de coisas eletrônicas no disco. É ele quem dá a sentença simples. “A gente está completamente fora da volta dos anos 80.” Até porque, segundo Dany, isso seria um grande “atestado de comodismo”.

Foi em nome dessa vontade de ousar e fazer um trabalho que julgasse digno que o Metrô recusou sistematicamente os convites recebidos de gravadoras diferentes para voltar ao estúdio. “Só nos chamavam para regravar material, fazer um acústico, essas coisas. E isso não queríamos.” Tanto é verdade que, na hora em que decidiram retomar as atividades, eles escolheram que tudo fosse feito de forma totalmente independente – a Trama só entrou no circuito para distribuir o disco. “Pela primeira vez na vida somos totalmente livres, não nos reportamos a ninguém”, comemora Dany.

A comemoração também diz respeito à reunião de um grupo que se perdeu no mundo. Com o encerramento das atividades nos anos 80, foi cada um para um lado. Yann Lao – piano, violão, guitarra, percussão e outro tanto de eletronices – passou sete anos na Europa (os integrantes do grupo são franceses). Dany chegou a ficar quatro anos por lá também e os dois trabalharam juntos por um tempo. “Foram dois anos e meio rodando pelo continente fazendo shows” , lembra Dany. Já a vocalista Virginie casou-se com um diplomata e hoje mora em Moçambique.

A volta começou a ser tramada há um ano. “No fim do ano passado mandamos uns e-mails para a Virginie. No começo, ela ficou na dúvida”, revela Dany. Nada que desanimasse nem ele, nem Yann. “Fomos fazendo músicas e mandamos depois para ela, que se empolgou e decidiu vir gravar as vozes. Em uma semana com a Virginie por aqui, gravamos 50 músicas. Tudo feito em casa, com um microfone só e botando tudo no computador”, conta. Ficou uma delícia.

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