OLHAR

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O GRUPO METRÔ TENTA REVIVER 1984

do Jornal da Tarde

05/12/2002

Virginie, Dany Roland e Yann Lao: voz, violão e teclados do novo Metrô

Foi-se o tempo em que seus rostos tinham espinhas, seus egos inflavam fácil e seus shows eram movidos a música para fazer pular. O Metrô - grupo que virou estrela por exatos 12 meses, entre 1984 e 1985 - faz hoje, às 19h30, um show gratuito de retorno na Fnac de Pinheiros. É agora um trio, tem de volta o fio de voz de Virginie em primeiro plano e está embriagado de música brasileira e tiradas eletrônicas.

O disco que lança, 'Déjà-vu', traz as modinhas pop que lhe fizeram ser celebridade efêmera e apolítica na época em que o Brasil vivia a expectativa pelas 'Diretas Já'. 'Beat Acelerado', um auge de 84, vem com o pé no freio e as mãos em um violão adulto de batida bossa nova que contrasta com a infantilidade que fazia com que o grupo fosse adorado por crianças. Na mesma onda aparecem 'Johnny Love', 'Sândalo de Dandi' e uma regravação de 'Aquarela do Brasil'.

O flashback é o seguinte: antes de chegar 1980, Virginie, filha de pais franceses, conhece uma turma de músicos também filhos de pais franceses na casa dos 19 anos que estudavam com ela no Liceu Pasteur, em São Paulo.

Formam o grupo Gota Suspensa e entram em um circuito underground da cidade.

Em 84 fazem o álbum 'Olhar', e 'Beat Acelerado' chega a ser executado 50 vezes por dia nas emissoras de rádio. A crítica, envolvida com as bandas politizadas brasilienses e paulistas, solta os cachorros. Os fãs, os que querem música para festa, aplaudem. Os músicos, que queriam fama e dinheiro sem abrir mão do prazer, começam a ficar perturbados.

"Fazíamos até dois shows por noite, perdemos o contato com as pessoas. Foi um processo muito desgastante", lembra Virginie. Mas o fim do grupo, para ela, não teve causa só no cansaço. "As coisas começaram a não dar muito certo quando algumas pessoas acharam que devíamos mudar, deixar de ter uma linguagem tão direta. Para mim estava ótimo. Se cantássemos sempre 'Beat Acelerado' para os jovens estaria tudo certo."

Virginie, terminado o grupo, casa-se com um diplomata francês e passa a viver cada três anos em um país diferente. Mora desde 19 de agosto em Maputo, Moçambique. Mas diz que estará sempre no Brasil para apresentar seus shows e que vai cavar espaço no circuito regional da África. "A produção musical por lá é fantástica." Dos seis integrantes iniciais, voltam, além de Virginie, o tecladista Yann Lao (que no pocket show da Fnac tocará violão) e o multiinstrumentista Dany Roland. O pequeno show terá entre seis e sete canções.

SERVIÇO: Metrô. Hoje, às 19h30. Fnac (Pedroso de Moraes, 858. 3097-0022) Grátis

(JÚLIO MARIA)

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