"As gravações foram muito espontâneas, como no disco do Moreno. É minimalista, quase artesanal, com poucos recursos técnicos", diz Domenico, que assina quase todas as faixas, sozinho ou em parcerias. O clima tranqüilo de Santa Teresa, bairro do Rio onde foram feitas as gravações, ajudou. "A gente gravava de janelas abertas, e, se entrasse o som da rua, ficava."
Sambas e baladas
As experimentações valeram tanto para faixas inéditas, caso da lenta "Um Canto Quieto", de Domenico e Adriana Calcanhotto, quanto para a releitura de "Rádio-Patrulha", sucesso de Silas de Oliveira (com José Dias, Luisinho e Marcelino Ramos) em Carnavais dos anos 50. "Escutei "Rádio-Patrulha" num terreiro de macumba, em seis por oito, e achei que seria interessante tocar um samba nesse andamento", diz Domenico, sobre a versão em que divide os vocais com Virginie, também do Metrô.
Ainda entre as faixas mais dançantes, há "Samba de Pacto", um quase mantra assinado pelos três Ritmistas e composto por apenas três versos (sendo que um deles se resume a "...pacto com o capeta, pacto com o capeta, pacto com o capeta..."). No Japão, onde o CD chegou às lojas no meio do ano passado, foi essa mistura de repique e agogô com eletrônico que ganhou as pistas.
No outro extremo, a quase bossa "O que Aconteceu", de Domenico e Wilson das Neves, divide-se entre a voz suave do primeiro e os vocais graves do (claro, baterista) veterano.
Em meio a tantos bateristas, a variedade de estilos pode ser creditada a outra peculiaridade, diz Domenico, carioca de ascendência italiana. "O Stephane é francês, e o Dany é uma mistura maluca de judeus do norte da África com franceses e nasceu em Buenos Aires. Ou seja, é tudo brasileiro", brinca.
RAQUEL COZER
da Folha de S.Paulo
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