OLHAR

Homepage do Metrô

SONS DE UM VELHO CONHECIDO

Elefante Bu

02/2003

Eles chegaram assim como foram embora... como um raio. Muitas pessoas que possuem hoje por volta dos 25 a 35 anos, devem se lembrar do Metrô, uma banda formada por franceses e filhos de franceses paulistas, que estouraram em meados na década de 80 com vários hits encabeçando as listas nas rádios brasileiras. Quem não se lembra de "Beat Acelerado", "Tudo pode Mudar", "Sândalo de Dândi", "Johnny Love" (tema do filme Rock Estrela, 1985) ou "Ti Ti Ti" (trilha de novela da Globo). Estes hits fizeram o álbum "Olhar" (1985), um sucesso de vendas daquele ano. Na época, até o penteado da vocalista Virginie, virou moda. Depois do estouro, Virginie saiu da banda. Os rapazes chegaram a gravar mais um disco sem ela, "A mão de Mao" (1987), um sucesso de critica mais que não agradou os antigos fãs e finalmente a banda se desfez. Virginie chegou a gravar um disco com uma nova banda, "Virginie e o Fruto Proibido" (1988), que também não obteve o sucesso esperado. Parecia que tudo tinha acabado ali. Agora, quase 18 anos e uma geração depois, o Metrô retorna, agora como um trio (apenas Dany, Yann e Virginie), para a alegria de seus antigos fãs. Sua volta fez muita gente torcer o nariz, esperando algo como um disco acústico ou para se aproveitar do modismo do retorno de bandas dos anos 80. Quem escutar o novo álbum, "Déjà Vu" (2002), uma produção independente lançado pela gravadora TRAMA, perceberá que todos estavam enganados. "Déjà Vu" é uma das grandes surpresas de 2002. Esqueçam aquelas batidas eletrônicas e tecnopops do álbum "Olhar". O novo disco consegue mesclar o que há de melhor na atual cena MPB e mundial sem cair na pieguice do modismo.

O grande responsável pelo retorno do Metrô foi o seu baterista, Dany Roland. Ele convidou todos os ex-integrantes, incluindo a vocalista Virginie. Apenas, o guitarrista original, Alec e o baixista, Zaviê, não quiseram continuar com o retorno. Zaviê, chegou a participar de algumas gravações do novo disco. "Déjà Vu" é uma produção totalmente independente e caseira, Dany montou uma grande estrutura em sua casa, reuniu seus antigos parceiros Yann e Virginie, que ficou uma semana no Brasil (agora ela é casada e mora na África) da formação original. Convidou alguns amigos como Jorge Mautner, Nelson Jacobina, Otto, Lucas Santtana e Preta Gil. Para a guitarra, o competente André Fonseca.

No repertório é bem eclético, mas de longe lembra os antigos trabalhos da banda. São três regravações (Beat Acelerado, Jonnhy Love e Sandalo de Dandi), todas com roupagens mais modernas e novas batidas. Também há regravações de outros artistas: Mensagem de amor (Herbert Vianna), Que nega é essa? (Jorge Ben), Coração vagabundo (Caetano Veloso), Resemblances (Arto Lindsay), Aquarela do Brasil (Ary Barroso) e Leva meu samba, (Ataulpho Alves). Ainda tem ótimas pérolas "Achei Bonito" e "Déjà Vu" da própria banda.

Um disco fantástico, que é um verdadeiro oásis na produção musical nacional atual. Sem sombra de dúvida um dos melhores lançados no ano de 2002. Por incrível que pareça, as cinco mil copias colocadas nas lojas já estão esgotadas, outras cinco mil foram preparadas para chegar as lojas. Um disco que não pode faltar em sua coleção.

(Ricardo Alves de Melo)

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