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TEM METRÔ NA FNAC CAMPINAS

Correio Popular

06/12/2002

Alheios ao revival dos anos 80, três integrantes do extinto grupo Metrô se reuniram despretensiosamente, durante uma semana, em abril deste ano, para a gravação de um CD independente: Déjà-Vu, com distribuição da gravadora Trama.

Dany Roland, Yann Lao e Virginie são os remanescentes do grupo que, na década de 80, já era classificado de tecnopop. O “estúdio” de gravação de Déjà-Vu foi um velho casarão localizado no bairro mais antigo do Rio de Janeiro: Morro de Santa Teresa, onde Dany fixou residência há dez anos.

Depois de 17 anos separados, com Virginie viajando o mundo após casar-se com um cônsul francês (ela já morou na França, Namíbia e, agora, está de mudança para Moçambique), Dany morando no Rio, e Yann em São Paulo, parecia mesmo impossível esse breve retorno. Foi quando Virginie veio de passagem ao Brasil, que Dany e Yann tiveram idéia de passar uma semana juntos, matando saudades e gravando canções.

Em entrevista ao Correio Popular, Dany não se arriscou em dizer que a gravação de Déjà-Vu signifique “a volta do Metrô”, pois cada integrante continua se dedicando às suas famílias e projetos próprios. Enquanto eles continuam juntos, o público de Campinas poderá conferir o novo som do Metrô num pocket-show hoje, às 19h, na Fnac.

Em Déjà-Vu não há nenhum traço do pop rock já com pitadas eletrônicas que o Metrô fazia há duas décadas. O álbum traz 19 músicas (quatro remixes), entre versões para canções famosas da MPB e antigos sucessos do grupo, com uma interpretação bossa nova eletrônica. As músicas são cantadas sobre uma base gerada no programa Pro Tools, por Dany, com a ajuda de uma groovebox, além de percussão, guitarras, violões, piano e sintetizadores divididos entre Dany e Yann A voz de Virginie está maravilhosa: sem nenhum efeito, pura, com o timbre delicado costurando os versos e melodias.

Dany conta que as músicas escolhidas foram aquelas que tinham um sentido especial para cada integrante. Músicas que falavam sobre o Brasil, que lembrassem a infância. O resultado é um repertório que traz Aquarela do Brasil (Ary Barroso), Que Nega é Essa? (Jorge Ben), Coração Vagabundo (Caetano), Leva o Meu Samba (Ataulfo Alves), Achei Bonito (do folclore popular, com um coro de crianças gravado por Dany na Bahia, quando participou das gravações do documentário Crede-Mi, de Bia Lessa.

A música de trabalho é Mensagem de Amor, de Herbert Vianna, que abre o CD. Há, ainda, versões para Everyone is Wrong But Me (Cahn e Chaplin), Silence (Charlie Haden) e, claro, antigos sucessos do Metrô em novas roupagens (Beat Acelerado, Sândalo de Dandi e Johnny Love).

Déjà-Vu também ganhou participações especiais de Jorge Mautner, Otto, Waly Salomão, Preta Gil, Lucas Santana e Nelson Jacobina.

Além do bonito conteúdo, o CD traz ainda um encarte caprichado, com fotografias do calçadão de Ipanema, no mesmo nível dos pés dos passantes, captadas através de uma câmera instalada num skate. “Isso foi obra de dois garotos skatistas, Black e Fábio, que têm um estúdio na casa deles”, conta Dany.

Apesar desse trabalho original, que desafia os grupos oitentistas que voltaram (com sucesso meramente comercial) fazendo exatamente o mesmo tipo de som, Dany diz que ouviu frases nada estimulantes das gravadoras. “Nosso antigo produtor chegou a nos ligar pedindo que aproveitássemos a onda anos 80 e voltássemos com a antiga formação. Mas, a essa altura, já estávamos com Déjà-Vu pré-mixado e mostramos o material. A resposta foi para nos desfazermos daquilo, pois estava horrível”, lembra Dany.

Mas o trio acreditou na qualidade do trabalho e decidiu finalizá-lo e distribuir por conta própria. A entrada da Trama foi quando Dany foi conversar com Liminha sobre a distribuição, e a gravadora resolveu bancar esse processo.

E, para responder aos que não acreditaram em Déjà-Vu, lançado há apenas uma semana, o CD está com as 5 mil cópias quase esgotadas. “Já estamos providenciando mais 5 mil cópias”, comemora Dany. O CD é vendido a R$ 25 em média.

Durante a semana que passaram juntos em Santa Teresa, Dany, Yann e Virginie geraram material para muitos outros CDs: “Gravamos cerca de 50 músicas”, conta Dany.

Infelizmente, Virginie viaja a Moçambique no próximo dia 30. Até lá, o Metrô poderá fazer uma mini-turnê por São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

Serviço

Metrô – Hoje, às 19h, na Fnac-Campinas, do Parque Dom Pedro Shopping (Av. Guilherme Campos, 500, loja A-17, Jardim Santa Genebra, fone: 3709-9000). Entrada franca.

(Carlota Cafiero)

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