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Homepage do Metrô

(por ALEC)

O fim da Gota Suspensa...

Quando fizemos o Metrô a proposta era outra. Era justamente fazer um som mais democrático. Era fazer uma evolução da linguagem da Gota. Teve gente que não gostou. Paciência! Não era para agradar todo mundo mesmo. Só para ilustrar: quando tocamos no Rio, recebemos flores do João Gilberto!! No cartão, ele elogia muito o jeito da Virginie cantar: baixinho, sussurrado, tipo bossa nova. O cara é um gênio, pois essa música (beat acelerado) era uma bossa nova originalmente. Ninguém havia feito essa fusão de musica eletrônica e bossa nova na ocasião. Hoje essa fusão é o que há de melhor e mais sofisticado na musica eletrônica.

Sobre a relação com os jornalistas...

A maioria não criticava nossa música. Parecia que não tinha ouvido o disco. Na época da Mão de Mao, recebemos as melhores críticas. Fomos ignorados no primeiro disco e aclamado no segundo. Ao vivo éramos uma banda que surpreendia pela desenvoltura da Virginie, força dos arranjos e performance super entrosada (tínhamos 5 anos de banda quando estouramos). Qualquer crítico que tivesse alguma dúvida sobre nós, geralmente acabava mudando de opinião depois de assistir ao show.

O sucesso...

Estouramos 7 musicas num LP. Foi incrível. Você tem 19 anos e passa por uma experiência dessa!!! A roda viva do sucesso encanta pelo glamour (TV's, Rádios, Megashows...). Mas também esgota pelo seu próprio ritmo. Queríamos evoluir as composições para um lado mais intimista, oposto do som extrovertido do primeiro Metrô. Foi quando incorporamos o Pedro Parq. Eu acho super normal mudanças de estado e de vontades quando você mexe com criação e performance. Pessoalmente, preciso de mudanças como estímulo de vida. E para falar a verdade, não sei quando foi o auge porque tudo foi muito rápido. Em todo caso, foi uma honra gravar a Rita. Admiro muito essa mulher.

O fim...

Houve uma divergência de vontades, aspirações em relação a direção do som da banda e aí rachou. Acho que houve imaturidade e inabilidade na forma da separação. Em todo caso, nos desculpamos e segue tudo bem.

O recomeço...

A Mão de Mao foi menos pop e mais experimental por necessidade e vontade. Tenho muito orgulho desse disco, só acho que a produção poderia ser diferente, mas também não sei se ficaria melhor. Muita gente gosta porque ele é sujo e visceral, não tem polimento e nem polidez. Renato Russo ligou pro Yann dizendo que tinha pirado no disco e que depois da Mão de Mao, ia ser difícil fazer o seu próximo disco.

Depois da Mão de Mao, ainda com o Pedro, estávamos de cabeça na fusão África/Brasil + rock. Muito legal esse som, pena que não teve registro. Quando ouço Chico e Nação Zumbi, lembro muito da "vibe", do som daquela época. Acho que eles atingiram a perfeição dessa fusão: são imbatíveis e absolutos!!!!!

Toquei com o Kiko Zambianchi (com quem gravei o ótimo último CD e estou em tourne); fiz uma nova banda com o Pedro (Mão de Mao) chamada "Pulau Piscina", que significa "Ilha da Piscina"; toquei com Cabine C, do Ciro; fiz a banda "Paus" (projeto para ser lançado na Europa) com Antônio Pinto (Central do Brasil/Abril Despedaçado), talento absurdo; James Muller/Pedro Vicent/Xavier, sonzeira tipo em inglês (gosto até hoje). A Sony queria muito, porém queria traduzido e não ficou bom. Comecei as jams de São Paulo junto com o Bid (FCLG), toquei 4 anos nas jams mais absurdas (hoje me cansa, mas já foi muito animal), Otto/Jorge Bem/Zero 4/Soul Slinger/Eliana Pitman/Rappin Hood. Só para dar um pequeno exemplo do quanto era eclético, subseqüentemente, surpreendente.

O convite para tocar com o Otto surgiu pelas jams. As jams começaram na minha casa. Quando minha casa ficou pequena, fomos para o "glitter" (bar de São Paulo). Nas primeiras gigs, o Otto era sempre um dos primeiros com as tumbas de baixo do braço (ainda não havia samba pra burro). Fiquei muito lisonjeado.

Planos para o futuro...

Infelizmente eu não voltei para o Metrô. Estou com um projeto de músicas próprias em parceria com "Maria do Céu", minha parceira essencial (parafraseando a mesma). Estou com o Kiko e faço música (eletrônica-acústica) no meu estúdio. Uma de minhas músicas, entrou no Cd de "O Invasor". Obs: no filme, você pode ter uma idéia qual era a onda da última jam!! Mas sou super amigo deles e adoraria participar de alguns shows!! Ouvi o CD novo "Deja VU" e adorei. Está bem arrojado, ao mesmo tempo está próximo das raízes Brasileiras. Achei Bonito...

Sobre a onda Revival...

Não sei... Eu prefiro olhar pra frente.

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