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do Metrô
AÇÃO
ENTRE AMIGOS
Estado
de Minas
22/12/2002
Um encontro de amigos que não trabalhavam
juntos há dez anos. É assim que o multiinstrumentista e compositor
Dany Roland classifica o disco Déjà-vu, que marca o retorno
do grupo Metrô. Agora resumido a um trio, com Virginie na voz, Yann
Lao nos sintetizadores, piano, violão, guitarra, percussão,
voz e ritmos eletrônicos, e ele se revezando em bateria, percussão,
loops, guitarra, violão, acordeão e voz, o Metrô fez
um disco doméstico, criado e viabilizado no estúdio que Dany
mantém em sua casa, no Rio.
É de lá que ele falou, por telefone,
ao ESTADO DE MINAS, poucas horas após receber a triste notícia
do falecimento da mãe da cantora Virginie, justificadamente ausente,
mas também escalada para a entrevista. Ainda atordoado pela informação,
Danny começou a conversa meio titubeante, com lapsos de raciocínio,
mas acabou, tomado pelo entusiasmo, falando do trabalho de uma maneira
visivelmente prazerosa:
ASSÉDIO
No ano passado, depois do sucesso do DVD do Capital
Inicial, várias gravadoras começaram a nos assediar, querendo
que fizéssemos um DVD acústico, com os mesmos arranjos originais.
Não aceitamos fazer. Não nos interessava.
AMIGOS
O disco foi gravado no estúdio da minha
casa, aqui no Rio, com todo mundo de calção e de biquíni,
com os nossos filhos brincando juntos. Uma boa bagunça, cheia de
amigos. Foi um encontro saboroso, sem nenhuma pretensão.
MARCA
Não sabíamos se iríamos
poder usar a marca Metrô. Nunca nos importamos com isso, com registro
de nome. Quando terminamos as gravações, ficamos em dúvida
se o trabalho era Metrô ou não Metrô. Mas, depois de
ouvir, chegamos à conclusão de que era.
GRAVADORAS
Mostrei para vários executivos de gravadoras.
Eles não gostaram. Um chegou a dizer que era a pior coisa que ele
tinha ouvido este ano. Conversei com o Carlos Eduardo Miranda, meu amigo
e grande produtor, e ele disse que estávamos mostrando para as pessoas
erradas. Mostramos ao Kiko, ele pediu logo a fita master e os fotolitos
que queria mandar para a fábrica. Nem acreditamos que o disco ia
sair.
INTERNACIONAL
A Trama vai distribuir, o disco está sendo
muito bem recebido no Rio e em São Paulo e vai sair na Europa e
no Japão.
AO VIVO
Virginie volta agora para Moçambique.
A gente não sabe o futuro, quando vai poder se reunir de novo. Mas
esperamos estar juntos em março e fazer alguns shows. Espero poder
ir aí, em Belo Horizonte.
METADE
O que está no disco não é
nem metade do que nós gravamos. Fizemos mais de 50 músicas.
Dá para fazer outro disco. A gente pode fazer de tudo, não
ficamos presos a um só estilo. O próximo disco pode ficar
parecido com A Mão de Mão, que era mais sombrio e triste.
Não queremos ficar presos a rótulos.
ROBERTO E CACÁ
Gravamos músicas que faziam parte da nossa
vida, como Coração Vagabundo, do Caetano, e Sua Estupidez,
do Roberto e do Erasmo. O Erasmo foi ótimo, liberou a gravação,
mas o Roberto, não. Nem quero falar sobre isso. O Cacá Diegues
ouviu a gravação, levada pelo Hermano Vianna, e queria até
por na trilha do filme novo dele.
YOKO
Gravamos todo tipo de música. Até
em italiano e japonês. Gravamos uma música da Yoko Ono que
ficou ótima.
BOSSA EM FRANCÊS
Virginie tem um disco lindo, de Bossa Nova em
francês, que está pronto há muito tempo, mas ninguém
quer lançar, ninguém entendeu.
VIRGINIE
Ela canta de tudo. Bossa, hip hop, samba, rock.
Gravamos até um rap, que acabou não entrando no disco. Já
trabalhei com várias cantoras e ela não tem aqueles cacoetes
de querer fazer seis canais de voz, escolher trechos daqui e dali, ficar
preocupada com afinação. Ela canta com naturalidade, como
se estivesse cantando no chuveiro. Virginie não tem vício
de cantora. Foi fácil e divertido trabalhar de novo com ela.
DIPLOMATA
Virginie, depois do Metrô, trabalhou com
Itamar Assumpção, com Arrigo Barnabé, com Eliete Negreiros
e com Carlos Careqa. Depois, casou com um diplomata francês e já
morou na Namíbia, na França e agora está em Moçambique.
Ela está adorando, pois o país parece muito com o Brasil.
BRUXELAS
Andei morando um tempo na Europa. Cheguei a montar
um grupo, o Passengers, que tinha músico búlgaro e africano.
Fizemos shows na França, na Bélgica... Bruxelas tem uma cena
ótima de jazz, de música eletrônica. Trabalhei como
DJ por lá, também.
TRILHAS
Tenho trabalhado com trilhas para cinema e teatro,
e também como ator. Principalmente com Bia Lessa. Fiz a trilha de
Orlando, de Cartas Portuguesas, do filme Crê De Mi e, agora, do filme
novo dela, Maria, uma produção de quatro anos. Fiz também
a trilha do filme Copacabana, de Carla Camurati.
YANN
O Yann esteve uma temporada na França,
na Europa. Tocamos juntos lá. Ele ficou por quatro anos num espaço
respeitado em São Paulo, o Urbano, onde, toda segunda tem uma jam
session, com ele, Boccato, Alec e um baixista ótimo, o J.J., da
banda do Benjor. O Jorge Benjor já participou, o Lenine também.
Um tanto de gente...
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